Sexta-feira, dia 25 de julho, foi feriado em São Leopoldo e em algumas outras cidades da região, principalmente municípios com colonização alemã. Era Dia do Colono ou o Dia da Imigração Alemã, como prefiro. Quando eu era criança adora essa época! Por causa das férias de julho, porque meus primos de Florianópolis vinham passar alguns dias aqui e o principal motivo: a São Leopoldo Fest.
Nossa, amava! Tinha parque de diversões, shows de todos os tipos, muitos doces, barraquinhas enfeitadas pelas ruas do centro, bandinhas tocando músicas típicas, bandeiras com as cores da Alemanha... No colégio aprendíamos sobre a história da cidade, berço da colonização alemã no Estado. Foi em São Leopoldo que as primeiras famílias vindas da Alemanha desembarcaram no dia 25 de julho de 1824.
Depois, quando trabalhava na prefeitura, passei dois anos trabalhando na festa. Muito bom! Entrava e saia todos os dias sem pagar, tinha acesso a tudo, sabia de tudo que acontecia nos bastidores, ficava na festa até depois que todos já tinham ido embora e havia somente o pessoal que trabalhava, assistia todas as atrações, saia no meio do expediente só para pegar uma torta em alguma barraquinha da Independência. Uma farra!
E hoje? A festa cresceu, as atrações aumentaram... Só que tem alguns anos que trabalho em Porto Alegre, portanto, não faço esse feriado. Meus primos cresceram e trabalham, não existe mais “as férias de julho” e eu continuo gostando da São Leopoldo Fest, mas com uma certa distância e várias restrições. O quê, de fato, essa comemoração tem haver com aqueles alemães que chegaram aqui? Não sei... Concordo que seja uma data importante para a história da cidade, mas a impressão que tenho é que as pessoas vão lá apenas para ver os shows, já que isso é raro na cidade.
Tortas, pastéis, cachorros-quentes, uma infinidade de docinhos... Se encontram em qualquer padaria. As comidas, realmente típicas, são caras. Agora a questão que eu acho mais complicada: é cobrado para entrar na festa. Sei que é caro fazer esse evento, mas acho que essas festas populares não deveriam ser cobradas. Não importa se é a preço popular. Para uma família de quatro pessoas, contando ingresso e tudo que ela vá gastar nas atrações, se torna caro. E se a festa é da cidade, para comemorar a cidade, todos deveriam ter o direito de participar. Talvez isso soe utópico ou até socialista, mas acho absurdo ter que pagar para participar. Sei que tem a questão da segurança, só que não consigo concordar com isso. Cobraram dos primeiros imigrantes ingresso para entrar em São Leopoldo?
Não sei se vou aparecer na comemoração esse ano. Durante a semana, talvez não tenha tempo... Em final de semana é muito tumulto... Gosto das boas lembranças que tenho dessa fest, mas no fundo acho essas fests provincianas. Não gosto de crianças e não me considero saudosista, mas às vezes gostaria de ser criança, só pra curtir mais. Para encher a boca pra falar “minha cidade é berço da colonização alemã”, pra ter a impressão que estava acontecendo algo grandioso, que as pessoas realmente tinham algo para comemorar e se orgulhar.
Saturday, July 26, 2008
Friday, July 18, 2008
Suave com a pronúncia de um D
Sempre falei pouco e quando era criança falava muito errado. Além de demorar para começar a dizer algumas palavras, minha vó tentou me ensinar alemão. O que resultou numa criança que não conseguia pronunciar o R nos meio das palavRas, nem o pl, pr, gr... Trocava o D pelo T, o V pelo F, o B pelo P... Só pronunciava o que era mais forte, isso tem um nome complicado que eu não me lembro qual é.
Quando minha vó morreu eu tinha só 6 anos, nunca mais tentei falar nada em alemão, já era a chacota preferida dos meus coleguinhas da 1ª série e o pior de tudo, isso estava começando a me atrapalhar. Eu pensava que nunca iria namorar, nem trabalhar, nem nada por causa disso. Lembro até hoje, que às vezes nem minha família entendia o que eu queria falar. Odiava ir no armazém, pois sempre pediam para eu repetir o que eu queria, não sei se era só por maldade ou porque realmente não entendiam.
Aprender a ler foi uma tarefa árdua, mas escrever foi pior ainda. Eu escrevia como falava, assim: em totas as minhas retações no coléxio eu tiafa notas paixas por causa dos erros de portuquês. Paa compensar tentafa capichar na históia. Imachina que popema!!! A minha melhor amica, a Chaque me achudava um monte e sempe me oufia, por pior que fosse oufir alquém falanto assim.
Perdi a conta de quantos anos fui em fonoaudiólogas. De quantas vezes lia em voz alta e gravava para comparar com a fala de outra pessoa. Quantos exercícios eu fiz que deixavam minhas bochechas doendo. Se eu falasse pa-lan-ta, um dia falaria planta... Quantas vezes me escondia no recreio só pra não ouvir ninguém em chamando de "língua enrolata". Quantas vezes rezei para não precisar apresentar o trabalho na frente da turma toda. O mais estranho é que eu sempre gostei de ler e escrever.
Com 8, 9 anos eu já tinha me acostumado com tudo isso e não imaginava que o pior ainda estava por vir. Na 6ª série troquei de colégio, estava com 11 anos, continuafa falanto tuto errato, mas ao menos tinha consciência disso e já não escrevia como falava. Me tornei uma excelente aluna em português! Só que com o colégio novo, veio um monte de colegas pré-adolescentes. Nossa que tortura, tudo de novo, só que em proporções maiores. Ainda bem que a Jaque tinha ido para o mesmo colégio que eu. No primeiro trabalho que tive que apresentar no novo colégio, pedi para ela avisar a professora do meu problema. Apresentei o trabalho e vi 30 e tantos coleguinhas passarem cinco intermináveis minutos vermelhos de tanto segurarem o riso.
Eu não lembro exatamente quando comecei a falar corretamente, mas lembro quando eu percebi isso. Eu tinha 14 anos, era sábado de tarde eu estava no pátio da minha casa e falei alguma coisa do meu tio Daniel para a minha mãe. E quando eu disse DANIEL, eu senti direitinho (como até hoje sinto!) aquele D foi tão suave, leve. Saia do céu da boca e não dos dentes como o T. DANIEL, DANI, DÃ... DÃ. Repeti várias vezes, baixinho e assim, suave!
Nessa época eu já tinha vontade de ser jornalista, embora achasse isso impossível. E seria no mínimo irônico eu escolher uma profissão onde tivesse que escrever, entrevistar, me expor... Foi morrendo de medo que marquei um X no jornalismo quando fiz a inscrição para o vestibular.
Sinceramente, não tenho raiva de ter falado assim, acho engraçado, rendeu boas lembranças e algumas confusões. Tá, meus pais gastaram horrores com fonos e psicólogos e ser a piada da turma não é legal (crianças e pré-adolescentes são cruéis quando querem ser!). Hoje, ainda sou a “alemoa batata” da família e entendo que é normal do ser humano excluir e rir do que é diferente. Mas esse saborzinho de vingança que eu sinto quando lembro dos meus coleguinhas rindo, é inevitável. Afinal eu tenho uma profissão que é a prova de uma superação e apesar de ser um ofício que eu amo, enfrentei alguns bons fantasmas para aceitar o desafio.
Eu não sei o que a maioria desses coleguinhas estão fazendo da vida. Sei que eu estou realizando um sonho e vingança pode ser uma palavra muito forte, até porque não há motivo para me vingar. Mas não encontro palavra melhor. E é uma vinganzinha que não faz mal a ninguém, é leve e suave como a pronúncia de um D.
Quando minha vó morreu eu tinha só 6 anos, nunca mais tentei falar nada em alemão, já era a chacota preferida dos meus coleguinhas da 1ª série e o pior de tudo, isso estava começando a me atrapalhar. Eu pensava que nunca iria namorar, nem trabalhar, nem nada por causa disso. Lembro até hoje, que às vezes nem minha família entendia o que eu queria falar. Odiava ir no armazém, pois sempre pediam para eu repetir o que eu queria, não sei se era só por maldade ou porque realmente não entendiam.
Aprender a ler foi uma tarefa árdua, mas escrever foi pior ainda. Eu escrevia como falava, assim: em totas as minhas retações no coléxio eu tiafa notas paixas por causa dos erros de portuquês. Paa compensar tentafa capichar na históia. Imachina que popema!!! A minha melhor amica, a Chaque me achudava um monte e sempe me oufia, por pior que fosse oufir alquém falanto assim.
Perdi a conta de quantos anos fui em fonoaudiólogas. De quantas vezes lia em voz alta e gravava para comparar com a fala de outra pessoa. Quantos exercícios eu fiz que deixavam minhas bochechas doendo. Se eu falasse pa-lan-ta, um dia falaria planta... Quantas vezes me escondia no recreio só pra não ouvir ninguém em chamando de "língua enrolata". Quantas vezes rezei para não precisar apresentar o trabalho na frente da turma toda. O mais estranho é que eu sempre gostei de ler e escrever.
Com 8, 9 anos eu já tinha me acostumado com tudo isso e não imaginava que o pior ainda estava por vir. Na 6ª série troquei de colégio, estava com 11 anos, continuafa falanto tuto errato, mas ao menos tinha consciência disso e já não escrevia como falava. Me tornei uma excelente aluna em português! Só que com o colégio novo, veio um monte de colegas pré-adolescentes. Nossa que tortura, tudo de novo, só que em proporções maiores. Ainda bem que a Jaque tinha ido para o mesmo colégio que eu. No primeiro trabalho que tive que apresentar no novo colégio, pedi para ela avisar a professora do meu problema. Apresentei o trabalho e vi 30 e tantos coleguinhas passarem cinco intermináveis minutos vermelhos de tanto segurarem o riso.
Eu não lembro exatamente quando comecei a falar corretamente, mas lembro quando eu percebi isso. Eu tinha 14 anos, era sábado de tarde eu estava no pátio da minha casa e falei alguma coisa do meu tio Daniel para a minha mãe. E quando eu disse DANIEL, eu senti direitinho (como até hoje sinto!) aquele D foi tão suave, leve. Saia do céu da boca e não dos dentes como o T. DANIEL, DANI, DÃ... DÃ. Repeti várias vezes, baixinho e assim, suave!
Nessa época eu já tinha vontade de ser jornalista, embora achasse isso impossível. E seria no mínimo irônico eu escolher uma profissão onde tivesse que escrever, entrevistar, me expor... Foi morrendo de medo que marquei um X no jornalismo quando fiz a inscrição para o vestibular.
Sinceramente, não tenho raiva de ter falado assim, acho engraçado, rendeu boas lembranças e algumas confusões. Tá, meus pais gastaram horrores com fonos e psicólogos e ser a piada da turma não é legal (crianças e pré-adolescentes são cruéis quando querem ser!). Hoje, ainda sou a “alemoa batata” da família e entendo que é normal do ser humano excluir e rir do que é diferente. Mas esse saborzinho de vingança que eu sinto quando lembro dos meus coleguinhas rindo, é inevitável. Afinal eu tenho uma profissão que é a prova de uma superação e apesar de ser um ofício que eu amo, enfrentei alguns bons fantasmas para aceitar o desafio.
Eu não sei o que a maioria desses coleguinhas estão fazendo da vida. Sei que eu estou realizando um sonho e vingança pode ser uma palavra muito forte, até porque não há motivo para me vingar. Mas não encontro palavra melhor. E é uma vinganzinha que não faz mal a ninguém, é leve e suave como a pronúncia de um D.
Wednesday, July 16, 2008
Eu e a Rô
Essa loira que é a Robertinha do texto abaixo. Queria ter colocado a nossa foto, mas fazia muito tempo que não conseguia postar nenhuma foto! Não faço a menor idéia do motivo, não carregava nenhum tipo de imagem... Daí nunca mais tentei colocar foto no blog.
Só que depois de ler o comentário da Jac, tive a gloriosa idéia de tentar colocar a foto (certa de que não daria certo) e pediria ajuda pra ela, que tem muito mais experiência nesse negócio de blog que eu! Ainda bem que não foi preciso! E de qualquer maneira, obrigada Jac!
Saturday, July 12, 2008
Loirão
Tem muito tempo que quero escrever pra esse loirão!!! Loirona, melhor! Linda, alta, loiríssima, simpática, não nega ser chamada de Barbie e claro, adora rosa. Essa Barbie se chama Roberta. Gosta de ser chamada de Robertinha, mas acho ela tão ão, que chamo de Rô.
Ela escreve super bem. Foi por causa dos nossos textos que nos tornamos amigas. Fomos colegas na faculdade e infelizmente ela não vai se formar comigo. Acho que ela não deve se lembrar disso, mas no primeiro dia de aula de planejamento gráfico e editoração em jornalismo, eu sentei do lado dela. Apavorada, porque não sabia nada de pagemaker, o programa onde editamos as páginas de um jornal. Ela não me deu muito papo, falou que era pra mim ficar calma e que ela também não sabia. Não sentei mais do lado dela.
Só que sempre achei ela gente fina. Ela é quieta. Gosto de gente quieta. Por sorte alguns semestres depois, na mesma sala de planejamento gráfico, fizemos redação jornalística III. Não sentávamos juntas, mas nos descobrimos cúmplices, com algo em comum! Toda aula tínhamos que fazer uma redação, na outra aula, o professore lia as melhores. E, sem mentira nenhuma, em quase todas as aulas, nossos textos estavam entre os melhores e a gente se olhava, como se falasse uma para a outra: “Tu também escreve!”. Uma aula o professor falou que havia uns cinco alunos que escreviam bem, que tinham grande futuro nisso, nos sabíamos que estávamos entre esses cincos. A gente não se falava muito, mas já se lia!
Num outro semestre, na cadeira de Comunicação e Filosofia, cheguei toda torta no primeiro dia de aula e me sentei do lado dela. A Rô perguntou o que eu tinha, eu falei meio com vergonha, meio feliz, meio querendo aparecer, que tinha colocado silicone. Ela só sorriu e em todas as cadeiras que fizemos juntas depois disso, dividimos a classe, os trabalhos, o computador, os problemas, os textos...
O que mais gosto nesse loirão? Ela é doce, meiga e o melhor, nunca me julgou. Nunquinha, nem quando contei que passei anos ficando com um rapaz que tinha namorada. E quantos e-mails trocamos durante o serviço para terminar algum trabalho!? Quantas vezes ela me olhou e perguntou: “Sai agora pra ver o Peter ou fico na aula”!? Quantas vezes carregamos os trabalhos nas costas!? Quantas notas boas tiramos!?
Vou morrer de saudade desse loirão! Se Deus quiser, a gente ainda vai trabalhar muito junto! Quem sabe a gente até escreva um livro junto, montamos uma assessoria especializada em auditoria de imagem, dividimos a produção de algum documentário retrô... Tudo pode acontecer, até aquela moça quieta e loira de planejamento gráfico se tornar uma das minhas melhores amigas. Ah, esqueci de dizer que ela também fica vermelha!
Ela escreve super bem. Foi por causa dos nossos textos que nos tornamos amigas. Fomos colegas na faculdade e infelizmente ela não vai se formar comigo. Acho que ela não deve se lembrar disso, mas no primeiro dia de aula de planejamento gráfico e editoração em jornalismo, eu sentei do lado dela. Apavorada, porque não sabia nada de pagemaker, o programa onde editamos as páginas de um jornal. Ela não me deu muito papo, falou que era pra mim ficar calma e que ela também não sabia. Não sentei mais do lado dela.
Só que sempre achei ela gente fina. Ela é quieta. Gosto de gente quieta. Por sorte alguns semestres depois, na mesma sala de planejamento gráfico, fizemos redação jornalística III. Não sentávamos juntas, mas nos descobrimos cúmplices, com algo em comum! Toda aula tínhamos que fazer uma redação, na outra aula, o professore lia as melhores. E, sem mentira nenhuma, em quase todas as aulas, nossos textos estavam entre os melhores e a gente se olhava, como se falasse uma para a outra: “Tu também escreve!”. Uma aula o professor falou que havia uns cinco alunos que escreviam bem, que tinham grande futuro nisso, nos sabíamos que estávamos entre esses cincos. A gente não se falava muito, mas já se lia!
Num outro semestre, na cadeira de Comunicação e Filosofia, cheguei toda torta no primeiro dia de aula e me sentei do lado dela. A Rô perguntou o que eu tinha, eu falei meio com vergonha, meio feliz, meio querendo aparecer, que tinha colocado silicone. Ela só sorriu e em todas as cadeiras que fizemos juntas depois disso, dividimos a classe, os trabalhos, o computador, os problemas, os textos...
O que mais gosto nesse loirão? Ela é doce, meiga e o melhor, nunca me julgou. Nunquinha, nem quando contei que passei anos ficando com um rapaz que tinha namorada. E quantos e-mails trocamos durante o serviço para terminar algum trabalho!? Quantas vezes ela me olhou e perguntou: “Sai agora pra ver o Peter ou fico na aula”!? Quantas vezes carregamos os trabalhos nas costas!? Quantas notas boas tiramos!?
Vou morrer de saudade desse loirão! Se Deus quiser, a gente ainda vai trabalhar muito junto! Quem sabe a gente até escreva um livro junto, montamos uma assessoria especializada em auditoria de imagem, dividimos a produção de algum documentário retrô... Tudo pode acontecer, até aquela moça quieta e loira de planejamento gráfico se tornar uma das minhas melhores amigas. Ah, esqueci de dizer que ela também fica vermelha!
Saturday, July 05, 2008
Assim, do nada
Sabe aquela história de que quando a gente tá no fundo do poço, só nos resta subir? É mais ou menos isso. E é bem assim, do nada. Um dia a gente percebe que temos que levantar, nem que seja porque as costas doem de ficar muito tempo deitado.
Surge uma vontade de fazer alguma coisa, mesmo que não tenhamos a certeza do quê. Mas é bom sentir vontade de algo, dá a impressão de que estamos vivos, que temos objetivos, que ainda há esperança. E passamos a sentir fome, sede, frio, calor, sono, mas um sono normal, saudável... Não aquele que nos faz companhia durante o dia e foge à noite. E assim, do nada passamos a ter noites de sono e até nos lembramos dos sonhos.
O melhor de tudo é perceber o sol. Ah, o sol! Tão grandão, como não percebi, não senti, não vi? O pior é perceber que o tempo passou, porque nos dá a sensação que paramos no tempo. E realmente perdemos um tempo precioso no nada, no vazio, num vácuo constante. Parece uma inércia total.
Eu não sei o que leva uma pessoa a ter depressão. Talvez a morte de alguém, um pé na bunda, o desemprego, genética, pré-disposição, sei lá... E não é assim, do nada que se sai dela. Dessa fase eu lembro poucas coisas, eu estava viva e não vivia. Eu tinha muita raiva, insônia, nem lê eu conseguia, perdi a fome e uns 10 quilos.
Porém, quando a gente começa a sair dela, ou a ter consciência da vida, surge um monte de sensações assim, do nada. Debaixo do chuveiro, temos a certeza de que não há nada melhor do que um banho. Olhando TV, a gente ri de um comercial, mas ri mesmo! Assim, do nada (re)começamos a planejar o final de semana e com o tempo, até o ano novo. Conseguimos terminar um livro e de repente, do nada, nos damos conta que já lemos cinco depois daquele e o melhor a nossa capacidade de concentração não foi abalada!
Assim, do nada, é quase nascer de novo. De concreto, mesmo, é que eu perdi um tempão e apesar do medo de ficar assim de novo, eu sei que o sol vai voltar. "O sol vai voltar" é uma baita clichê, mas a vida é cheia de clichês, principalmente esses assim, do nada.
Surge uma vontade de fazer alguma coisa, mesmo que não tenhamos a certeza do quê. Mas é bom sentir vontade de algo, dá a impressão de que estamos vivos, que temos objetivos, que ainda há esperança. E passamos a sentir fome, sede, frio, calor, sono, mas um sono normal, saudável... Não aquele que nos faz companhia durante o dia e foge à noite. E assim, do nada passamos a ter noites de sono e até nos lembramos dos sonhos.
O melhor de tudo é perceber o sol. Ah, o sol! Tão grandão, como não percebi, não senti, não vi? O pior é perceber que o tempo passou, porque nos dá a sensação que paramos no tempo. E realmente perdemos um tempo precioso no nada, no vazio, num vácuo constante. Parece uma inércia total.
Eu não sei o que leva uma pessoa a ter depressão. Talvez a morte de alguém, um pé na bunda, o desemprego, genética, pré-disposição, sei lá... E não é assim, do nada que se sai dela. Dessa fase eu lembro poucas coisas, eu estava viva e não vivia. Eu tinha muita raiva, insônia, nem lê eu conseguia, perdi a fome e uns 10 quilos.
Porém, quando a gente começa a sair dela, ou a ter consciência da vida, surge um monte de sensações assim, do nada. Debaixo do chuveiro, temos a certeza de que não há nada melhor do que um banho. Olhando TV, a gente ri de um comercial, mas ri mesmo! Assim, do nada (re)começamos a planejar o final de semana e com o tempo, até o ano novo. Conseguimos terminar um livro e de repente, do nada, nos damos conta que já lemos cinco depois daquele e o melhor a nossa capacidade de concentração não foi abalada!
Assim, do nada, é quase nascer de novo. De concreto, mesmo, é que eu perdi um tempão e apesar do medo de ficar assim de novo, eu sei que o sol vai voltar. "O sol vai voltar" é uma baita clichê, mas a vida é cheia de clichês, principalmente esses assim, do nada.
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