Saturday, August 04, 2007

Entre liberdade e responsabilidade...

“Essa é a Rê, que tem a família que a gente pediu a Deus. Ela já nasceu podendo levar namorado pra casa e fumar maconha...” Foi assim, exatamente assim, que uma amiga me apresentou para uma pessoa. Na hora não liguei, mas depois fiquei pensando nisso...

Minha amiga, que fuma maconha e dorme escondido na casa do namorado, não exagerou em nada. Realmente, eu, meu irmão e a grande maioria dos meus primos sempre tivemos liberdade para tudo, até para fazer o que deve.

O mais engraçado é que eu sempre usei pouco essa liberdade toda. Nunca namorei, e mais, conto nos dedos quantas bocas eu beijei (e não chego a completar meus dez dedos)! Maconha? Só uma vez, pra vê qual era. Cigarro? Nunquinha! Algum outro tipo de droga? Raramente e por pura curiosidade! Nunca fiz um terço do que minhas amigas fazem e sim, sempre tive mais liberdade que a maioria.

Eu tava com 12 anos quando cheguei em casa com uma baita preocupação. Depois de encontrar uma colega de aula chorando porque seu pai não a deixava namorar, me caiu a ficha: e eu? Perguntei para o meu pai que me olhou e disse: “Com a idade que quiser. É só ter juízo”. No outro dia, minhas colegas não acreditaram e passaram a adorar meu pai. Até hoje é assim. Quando alguém precisa mentir para dormir com o namorado (tenho amigas de 24 anos que fazem isso!!!!!!!!), falam que estão aqui em casa.

Sempre sai e nunca tive hora para voltar. Quando quis fazer tatuagem, com 14 anos, ouvi meu pai, que nunca gostou de tatuagens, dizer: “Tu sabe que é para sempre, não sabe?” O primeiro piercing foi presente de Natal, com 12. Meu irmão, que tem 10 tatuagens, oito piercings e um moicano de 40 centímetros nunca vai deixar de ser o neném da família. Se quiser largar o emprego para passar o verão na praia ou em alguma comunidade maluca que existe pelo litoral de Santa Catarina, ninguém vai pirar.

Shows do Kiss, Deep Purple, NOFX, Roger Water, Bad Religion e Eric Clapton sempre foram programas de família. Minha mãe sabe toda a programação da Ipanema e a diferença entre um punk rock e um hardcore e meu pai sempre soube, e disse, que proibir era pior. Tenho tio que parece que nunca saiu da década de 60. Primas que hoje são excelentes mães de família e já tem 30 anos, eram punks e entraram no camarim dos Ramones (que inveja!)

Se a teoria do meu pai é certa, não sei. Sei que resultou em dois filhos tri responsáveis. Meu irmão é o punk mais família que eu conheço! E o melhor, com cabeças abertas, amigos de todos os tipos e com um excelente gosto musical. Por que eu sempre aprendi que junto com a liberdade vem responsabilidade. Meus pais nunca foram menos pais porque raramente me disseram não. Fizeram melhor, me ensinaram que eu sou responsável por qualquer escolha.

Sim, eu posso trazer namorado para dormir em casa, fumar maconha e tudo o que quiser, desde que eu tenha juízo! E isso me deram junto com a liberdade.

4 comments:

Anonymous said...

Rêzitaaaaaaaa, liberdade e tudo!!!!!! Só faltou falar dos chazinhos que tu curte, hehehehe...
Até o verão, no Vale, ou em busca do paraíso perdido.

Memórias & Recordações said...
This comment has been removed by the author.
Memórias & Recordações said...

The Best!!!!
Eu não errei quando fiz aquele depoimento.
Tu és demais, te admiro muito!

Anonymous said...

90% da população mundial queria uma familia democrática assim e devem ter "inveja", no sentido de admirar, da sua família...mas a idéia é essa mesmo: se a pessoa tem responsabilidade e sabe onde seus atos vão atingir a si mesmo e aos outros, pode fazer de tudo.
Robin