O mar azul e morno do Caribe fizeram um bem para a
minha alma indescritível. Foram sete dias curtindo Punta Cana num resort all
inclusive (isso é importante citar porque significa que foram sete dias de
bebidas liberadas). Não é ostentação, porque esse modelo de resort é bastante
comum fora do Brasil, principalmente na região caribenha. Fui na alta
temporada, período que não há furacões lá,o que encareceu um pouco o pacote,
que foi pago em seis meses.
Punta Cana fica numa ponta da República Dominicana,
onde se encontram o oceano Atlântico e o mar do Caribe. O país é vizinho do
Haiti e juntos formam a ilha espanhola, colonizadas por espanhóis e posteriormente,
franceses.
O hotel que ficamos é considerado um dos mais
simples da região. Há opções com quadras de tênis, golf, saunas temáticas e até
shopping. Como nosso objetivo era descansar do 2016 super pesado que tivemos
(as amigas que foram comigo são servidoras públicas - uma é professora municipal e a outra
trabalhadora do judiciário estadual), optamos pelo mais básico possível. E
outra, não há burrice maior do que pagar por algo que não vamos usar.
A surpresa é que tem muita coisa, muitos passeios
para fazer lá. Desde que definimos nossa viagem, falávamos da necessidade de
passar um dia na capital, Santo Domingo, para sairmos do mundo a parte dos
resorts e sentimos um pouco da realidade.
Fora isso, realizamos mais dois passeios. Acreditem,
três passeios é nada perto de tudo que eles tem a oferecer. Não fui ao mergulho
com os golfinhos, atração clássica e super concorrida, pois acho que por eles
serem seres inconscientes não devem ser usados para diversão dos humanos.
Também não fiz nenhuma noite lá, quando viajo acabo dormindo mais cedo que o
normal e madrugando, feliz, para aproveitar o dia. E o principal motivo, não
estava no clima.
Ilha
Saona e Juanillo
A Ilha Saona é o passeio mais popular de lá,
Juanillo o mais caro. Ambos são de dia inteiro, em catamarãs com muita bebida e
animação (falsa) a bordo. Até o destino final, a Ilha e a praia de Juanillo há
paradas estratégicas em alto mar para mergulho e ver estrelas marinhas, a água
transparente e morna é um convite. Dificilmente alguém resistia e ficava no
catamarã. Nos dois passeios, assim que chegamos ao destino já fomos almoçar, há
toda uma estrutura de restaurante nas praias e a comida, é deliciosa.
Em Saona, era buffet, bastante variedade de saladas
e frutas, massa, beringela (eles adoram beringelas, colocam em tudo e eu adorei
isso), carnes e peixes. Já em Juanillo, a gente escolhia o cardápio antes de
partir, havia opção com carne, frango, lagosta e vegetariana, com entrada,
prato principal e sobremesa. Além das bebidas, água, refris, cerveja e drinks.
Tudo liberado e incluído no valor do passeio. Ressalto que o valor dos passeios
que fizemos foram menores do que havíamos pensado e até mesmo pesquisado.
O ruim era comer enlouquecidamente e depois entrar
no mar. Ambas as praias são lindas, de um mar azul indescritível, com coqueiros
na areia e esteiras nos esperando. Parecia um sonho, rodeado da mais cruel e
excludente realidade.
Na Ilha de Saona, fomos para uma praia exclusiva
para que comprasse o passeio pela CVC. A praia de Juanillo fica dentro de um
condomínio privado, cujo dono é o cantor Julio Iglesias e se sócio, Donald
Trump. Estava almoçando quando soube disso, tive que me segurar para não
vomitar. "Nos venderam com tudo dentro", me disse um guia ao contar
que a grande maioria das praias na República Domicana são privadas. Próximo ao
local que estávamos, havia apenas duas praias públicas, onde todos podem ir -
inclusive dominicanos.
Por exemplo, nosso hotel ficava na Praia de Bávaro,
mas nós não tínhamos acesso a toda a praia, podíamos caminhar, mas sentar e
permanecer um dia só na faixa de areia que correspondia ao nosso hotel. Para os
trabalhadores dos hotéis curtir a praia depois do expediente, só pagando uma
taxa para o hotel, como se fosse uma diária. Conto isso, com o estômago revirado e o coração apertado.
Oyo azul
Depois do dia na praia de Juanillo, fomos para a caverna do olho azul, dentro do Scape Parque. Depois de uns 15 minutos por uma trilha aberta, de nível 1, chegamos ao cenote que tem um lago dentro. A água é de diversos tons de azul, lindíssimo. Mas tão gelada, que só de eu colocar o pé na água, pensei que o sangue pudesse coagular...
Exageros a parte, o lugar é lindo, mas não me animei a mergulhar por causa da temperatura da água. Esses cenotes são comuns em toda o país.
Santo
Domingo
A ida para a capital é cansativa, cerca de 2h30 de
ônibus e ficamos majoritariamente na área colonial. O que válido, pois tivemos
tempo de ir no museu do Cristóvão Colombo, lindo por sinal. E ruim, pois não
conhecemos a cidade, de fato. Fomos também na primeira catedral da América
Latina, um dos momentos mais divertidos do passeios, pois lá nesta igreja é
proibido entrar com roupas curtas ou regatas. Então foi um festival de caras
feias (inclusive a minha) e pessoas enroladas em tecidos que os próprios guias
distribuíram. Ah, lá é inverno agora, mas a temperatura mais baixa que pegamos
foi 20 graus. Neste dia que fomos a Santo Domingo, estava um calor infernal.
Toda a estrutura do passeio deu um show em outros
passeios que fiz em diversos países que já fui. Eu adoro museus, mas muitas
vezes, quando não falamos a língua, se torna um saco e cansativo, o que não
aconteceu lá em Santo Domingo.
A nossa ida à capital aconteceu no penúltimo dia da
viagem e encerramos com chave de ouro. Parte da cidade é costeada pelo mar do
Caribe, achei lindo. No caminho de volta, fomos acompanhados por esse mar,
praticamente o tempo todo.
Muita gente me criticou por eu ir numa viagem
“ostentação”, confesso que não entendi o porquê das críticas. Eu curto viajar e
qualquer lugar é válido. Tive experiências únicas em Punta Cana, refleti muito
sobre o meu estado interno que não era tão bonito quanto o daquele lugar e
sobre as desigualdades que nos rodeiam.
Sem dúvida, é um lugar que eu voltaria, gostaria de
ter condições de levar meus pais lá. E principalmente, acho que seria legal voltar
num momento que estivesse me sentido melhor e de fato, merecedora de tudo
aquilo que o universo me dava.