Wednesday, April 29, 2015

Sunday, April 05, 2015

Dos lados de se gostar



Nem sempre é fácil gostar de você. Tem vezes que dói, irrita e incomoda, tem noites que mais choro do que durmo. Nem sempre afetos bons se comportam como devem. Acredite, tem momentos que eu preferia não sentir. Queria ser pedra. Ser nuvem. Ser nada. Momentos assim são minoria, mas existem.

Sinto falta, vontade, saudade e isso dói. Depende do momento, se for à noite, deixo vir (passa mais rápido), escrevo, choro, escrevo, choro, oro e pego no sono. Se for durante o dia, respiro fundo e me foco em outra coisa, no máximo vem um nó na garganta que aproveito para treinar uma respiração mais consciente e meu autocontrole. Não, eu não vou chorar dentro do metrô, ou agora com tanto trabalho para fazer, ou no meio da corrida, ou durante um exercício do pilates, ou numa mesa de bar dando risada com os amigos... Quase sempre, eu venço.

Me percebo idiota – e quem não é quando gosta? Na vontade de te contar tudo e de perguntar tudo. Você seria um excelente amigo porque sempre gostei de conversar contigo. O problema é que não sinto tesão pelos meus amigos. Precisava ser assim? Inteligente, humano, ter esse olho azul lindo, os cachinhos que sempre vão te dar essa aparência de guri mesmo quando fores um velho recalcado e ainda me dar corda? Sim, talvez você nem perceba, mas me dá corda. Só que isso não significa nada, não há espaço na tua vida para mim e nenhum movimento da tua parte para que possa ter. Quando me dou conta disso, vem a irritação.

E quando começo a imaginar que você, obviamente, deve ter afeto por alguma mulher, que não eu. Monto mil opções na minha cabeça (lembrando que sou supercriativa), então sai de tudo. Loira, ruiva, morena, negra, baixa, magra, alta, gorda, de perto, de longe, amiga de infância, vizinha, conhecida de viagem, ex-professora, paulistana, carioca, baiana, uruguaia, alemã, chilena, estadunidense, cubana, marciana, alguém que você nem conheceu ainda, um amor platônico, distante, impossível, possível, próximo, real. Meu senso de humor tão exageradamente dramático não serve para nada nessas horas. Acho que te faria rir ou talvez até já faça. Deve ter alguma coisa boa para você nesta história. Tenho certeza que na hora que leu “velho recalcado”, sorriu.

 Quando comecei a escrever esse texto estava mais triste que feliz, mas como é necessário pensar e sentir antes de por no papel, a energia mudou. Isso não significa não ter consciência das coisas, mas só perceber que depois de tanta coisa ruim que já aconteceu comigo, o fato de gostar de alguém e não pirar é bom. E não esperar nada em troca é libertador. Dizem que amor é assim, não espera nada. Como aprendi a não curtir esse papo de amor, pois penso que estamos muito aquém disso, falo de afetos. Por não esperar nada em troca e ainda assim me sentir feliz com o que sinto, considero esse afeto bem verdadeiro e saudável. E vem a certeza de que gostar de você é bom, embora nem sempre seja fácil.

Começou a tocar uma música da tua banda preferida no rádio, incrível como as coisas acontecem quando estamos sintonizados com o todo. Fecho os olhos e converso com nossos anjos da guarda.  Para o meu, peço que você venha me ver num sonho. E para o seu, que cuide bem de ti, tão bem quanto acho que eu cuidaria. E que você num ato de descuido, pense em mim.

Thursday, April 02, 2015

A paixão continua

Minha adolescência se deu entre o final de década de 90 e o começo dos anos 2000, no auge das boys bands. E eu que havia resisto bravamente à onda do axé baiano e pagode meloso, sucumbi quando vi Nick Carter dançando e cantando na chuva (mais clichê impossível) no clip de Quit Playing Games With My Heart.


Sim, fui uma Backstreet fã! Tinha todos os CDs, pastas e pastas com fotos e reportagens, camisetas... Não perdia um Disk MTV, gravava tudo que podia em fitas VHS (que ainda existem), me quebrava para colar os pôsteres até no teto do meu quarto, torturava a família, os amigos e os vizinhos com o repertório estrategicamente planejado, de refrões fáceis e pegajosos. Em agosto de 2000, fiz 15 anos e falei para o pai e para a mãe que não queria nada, que era para guardar o dinheiro para o dia que eles viessem ao Brasil. Bom, em maio de 2001 fiz a primeira viagem da minha vida sozinha, peguei um ônibus até São Paulo, para ver o show dos Backstreet Boys, no estacionamento do Anhembi.


Depois disso, aconteceu o óbvio: eles foram perdendo espaço nas paradas de sucesso, eu fui mudando, as fotos saíram das paredes do meu quarto, passei a preferir músicas mais elaboradas, tive outras paixões (nem todas possíveis) por garotos que eu conhecia de verdade, fui em shows melhores e todo o arsenal de fã foi encaixotado e guardado.


Mas não esquecemos nada que fez parte da nossa vida, só a colocamos no departamento das coisas passadas e às vezes, quando escutava sem querer alguma música e sai cantarolando com a mesma segurança de 15 anos atrás ou quando alguém falava neles, meu primo Júnior sempre fala (acho que de toda a família, ele foi o que mais sofreu com a tortura Backstreet), voltava até essas memórias e sorria - estava tudo intacto.


E qual não foi a minha surpresa ao saber que os Backstreet Boys estavam com shows agendados no Brasil para junho desse ano e que Porto Alegre estava na agenda? Numa fração de segundos, pensei “não vou pagar esse mico”, que logo foi substituído por “não perco esse show por nada!” Desde então, tenho observado coisas estranhas, várias amigas confirmando presença no show. Pessoas que eu não falava há anos mandando mensagens do tipo: “vamos no show do BSB, né?”, no metro ouvi um grupo de mulheres discutindo qual era o mais bonito, Nick, Brian, Kevin, AJ ou Howie?


Outro dia, chegando no pilates, escutei uma moça dizendo para a instrutora: “dia 15 de junho não venho, vou num show... Meu namorado nem sonha que vou passar o aniversário dele com o Kevin.” Dia 31 começou a venda de ingresso para o show em Porto Alegre, diversas mulheres posaram em frente à loja, em duas horas se esgotaram vários setores. Infelizmente, só consegui ingresso para a pista normal (queria a VIP), fui comprar no fim da tarde do dia 31, o que foi de fato, tarde. E ainda assim, havia fila, vi uma moça vestida de maneira social (salto fino, saia até o joelho, blazer, meia calça...), parar no meio da loja e beijar o ingresso dela!


Tem uma professora espanhola que está fazendo intercâmbio em Porto Alegre, amiga de uma amiga minha, que mudou a data de retorno para Madrid só para ir ao show. Semana passada uma amiga casada, intelectualizada, mãe de dois filhos postou no face: “vou trair o Taylor Hanson (de outra boy band, porém musicalmente mais evoluído), para ir ver o Brian Littrel.” Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os ingressos também se esgotaram no primeiro dia, mas lá foram agendados shows extras.


Eu não era a única com essa paixão adormecida. Estou curtindo muito essa nova onda, é estranho, tanta coisa aconteceu de 2000 para cá. Todas que vão no show usam a desculpa de que é pelos 14, 15 anos, que vão só acompanhar a adolescente que foram e não é de se estranhar se for um choro só neste show (eu mesma, vou levar meus lencinhos).


Essa história toda me fez lembrar que o Nick Carter vai ser sempre meu namorado imaginário, por mais que o tempo passe. Nem sei porque sofri tanto com meu ex. Afinal, meu namorado é perfeito, loiro de olhos azuis, 1,85 de altura (alto, do jeito que eu gosto), de voz aveludada, canta numa banda com os amigos, mora em outro continente (ainda bem que nunca achei distâncias geográficas um empecilho). Agora em junho vem me ver, vai até tocar em Porto Alegre, várias amigas estarão presentes, algumas são afins dos amigos dele.


Vai ser muito divertido, depois voltaremos para casa com a alma leve, como tínhamos quando éramos adolescentes e no outro dia ninguém vai se importar de acordar cedo, se vestir de adulta e ir trabalhar, encarar os amores reais, que deram certo ou não, os filhos, os chefes... Vai ter uma menina, de 13, 14, 15 anos realizada dormindo dentro da gente.