Saturday, December 14, 2013

Sequelas


Essa semana foi de recomeços. O coágulo já se dissolveu e o médico me deu alta total, estou liberada para trabalhar e me exercitar, também não preciso mais usar anticoagulante. Segunda voltei para o serviço, porém dança e pilates, deixei para o mês que vem, por puro receio. Às vezes, a perna ainda incha... Durante esse tempo, entre dor, hospital, alta, repouso e retorno, foram pouco mais de 40 dias e algumas coisas me chamaram atenção:
Oração

É normal ouvirmos em algumas situações que as pessoas torceram pela gente, em época de vestibular, de arrumar emprego, de se acertar com o namorado, ter filhos, alguma mudança, essas coisas da vida... Mas quando a situação tem relação com saúde, o buraco é mais embaixo, a proporção amplia e o "torcer" é mais intenso, se torna "orar."
Acho que nunca tantas pessoas oraram por mim. De verdade, ouvi muito isso de familiares, amigos, colegas de trabalho, vizinhos...  De gente que nunca imaginei. A gente torce, vibra, deseja o bem para as pessoas, mas dificilmente fala.

É bom, claro que é, mas ao mesmo tempo isso tem um peso danado. Que honra e responsabilidade estar na oração e na intenção dessa gente toda. Isso foi uma coisa que me surpreendeu e ouvir isso, conforta mesmo e a gente percebe que não está sozinho. Orar não deixa de ser uma maneira de estar junto e como disse, isso tem um peso danado.
Medo
Descobri também que sou uma medrosa. Sempre pensei que se tivesse algum problema para ter que ficar em hospital, não suportaria. Mas o hospital em si, foi tranquilo, eles são bem diferentes do que eu imaginava. E sei também, que os 10 dias de internação não são nada perto de pessoas que ficam meses em hospitais e em situações bem piores que a minha.

Mas era a doença que me dava medo e acho que se fosse qualquer outra coisa, teria medo igual. Tremia muito na primeira consulta com o médico depois que tive alta, de nervosismo, ansiedade, sei lá... Também estava uma pilha de nervos antes da ecografia... E chorei litros quando o médico disse que teria que ficar internada. E cada vez que a perna doía, que apreensão!

Enfim, foram várias as situações que até podem ser engraçadas e dá para rir. Mas era muito medo. E tenho medo de ter trombose de novo.

Calmaria

E o melhor de tudo, foi o estado calmo que me encontrei durante esse período. Estou orgulhosa de mim! Tudo poderia ter sido pior se a Trombose tivesse aparecido em outra época, eu não teria lidado bem com a situação.

Estranho e ótimo, foi ter me dado conta de que eu não gostaria de morrer. E se percebi isso por que volta e meia penso em suicídio? (Sim, sei que o assunto é sério e lido com ele seriamente, me tratando e tentando ser forte quando a barra pesa, até agora tenho conseguido).Bom, mas isso é um assunto pra outro post com várias laudas.

O fato é que estou feliz, inclusive por ter me dado conta disso, não sei as respostas, mas tenho me questionado muito sobre o assunto. E penso que se essa história toda servir para me tornar uma pessoa mais ligada à vida, eu sai ganhando.

Thursday, December 05, 2013

A minha saudade não definhou


“Uma saudade que definhou pela indiferença...”- Fabrício Carpinejar

 Linda a crônica “Saudade a dois”, do Fabrício Carpinejar, na Zero Hora de terça-feira, dia 03. Fiquei especialmente com essa frase martelando na cabeça: “uma saudade que definhou pela indiferença...” Esse é o fim mais triste que uma saudade pode ter. Há muita saudade boa e saudável. Mas o que pode ser mais triste que uma saudade que definha? E pela indiferença? E pior do que saber que o outro está morto e enterrado.
Eu já senti muita saudade e desse tipo. Talvez por isso essa frase tenha me tocado tanto. Minha saudade e eu quase definhamos. Quase. Milagres acontecem e por isso não morri de saudade. Acho que foi o próprio Carpinejar que escreveu que “todo amor é um milagre”. O meu, certamente é.

Tenho consciência disso e é bom ter essa consciência. Fico com dois pés fincados na lucidez quando estou com ele, isso aumenta a noção do presente e faz com que eu aproveite muito mais.

E agora, até curto a saudade, é boa e sempre tem data para acabar. E o melhor, é correspondida! Um dia, isso tudo pode acabar, mas ao menos eu vou saber que minha saudade teve uma segunda chance. Ela não definhou pela indiferença.