Monday, January 28, 2013

Sobre a solidão que viaja com a gente


O tempo, voraz como sempre, passou e eu já voltei de Cuba. Tirando todas as surpresas e constatações da conjuntura política e econômica da Ilha, o que mais me marcou foi a sensação de solidão. Apesar do grupo, apesar de todos os dias ter gente bacana em volta de mim para trocar ideias e impressões da viagem, apesar de todo mundo ter se dado bem, me sentia sozinha.

 Foi uma baita experiência viajar em grupo e um grande teste de paciência também, mas a maioria das pessoas não se conheciam. Talvez isso tenha contribuído para deixar as coisas na ordem da superficialidade. Por mais que todo mundo, depois de alguns dias, já estivesse bastante íntimo, éramos desconhecidos. Éramos acompanhantes de viagem uns dos outros, algumas vezes, parceiros e muito raro, companheiros.

Isso deve ser o que o Bauman chamou de relacionamentos líquidos, moldados pelas necessidades das circunstâncias. É estranha essa solidão acompanhada, também penso que os fatores: estar em terra estrangeira, ser estrangeiro, estar fora do ninho conhecido, da zona de conforto da rotina, colaborem muito para ressaltar a nossa solidão.

Talvez essa solidão seja inerente à gente e o afeto que nutrimos pelas pessoas com as quais convivemos no dia a dia, à camufle. Voltamos de Cuba e cada um voltou para a sua cidade, seu estado. Quem era amigo antes de ir, tem uma bela história para recordar com os amigos. Quem não era, não será. Nos lembraremos claro, um dos outros, podemos trovar emails, manter contatos por redes sociais e quem sabe, até nos encontrar em algum outro momento, mas só.

Provavelmente, os outros também se sentiram sozinhos. Pois bem, voltamos todos para a velha e confortável solidão que conhecemos. Tão íntimas que nem percebemos sua presença.

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