O
tempo, voraz como sempre, passou e eu já voltei de Cuba. Tirando todas as
surpresas e constatações da conjuntura política e econômica da Ilha, o que mais
me marcou foi a sensação de solidão. Apesar do grupo, apesar de todos os dias
ter gente bacana em volta de mim para trocar ideias e impressões da viagem,
apesar de todo mundo ter se dado bem, me sentia sozinha.
Foi uma baita experiência viajar em grupo e um
grande teste de paciência também, mas a maioria das pessoas não se conheciam.
Talvez isso tenha contribuído para deixar as coisas na ordem da
superficialidade. Por mais que todo mundo, depois de alguns dias, já estivesse
bastante íntimo, éramos desconhecidos. Éramos acompanhantes de viagem uns dos
outros, algumas vezes, parceiros e muito raro, companheiros.
Isso
deve ser o que o Bauman chamou de relacionamentos líquidos, moldados pelas
necessidades das circunstâncias. É estranha essa solidão acompanhada, também
penso que os fatores: estar em terra estrangeira, ser estrangeiro, estar fora
do ninho conhecido, da zona de conforto da rotina, colaborem muito para
ressaltar a nossa solidão.
Talvez
essa solidão seja inerente à gente e o afeto que nutrimos pelas pessoas com as
quais convivemos no dia a dia, à camufle. Voltamos de Cuba e cada um voltou
para a sua cidade, seu estado. Quem era amigo antes de ir, tem uma bela
história para recordar com os amigos. Quem não era, não será. Nos lembraremos
claro, um dos outros, podemos trovar emails, manter contatos por redes sociais
e quem sabe, até nos encontrar em algum outro momento, mas só.
Provavelmente,
os outros também se sentiram sozinhos. Pois bem, voltamos todos para a velha e
confortável solidão que conhecemos. Tão íntimas que nem percebemos sua
presença.
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