Wednesday, September 01, 2010

Pseudo bem resolvida

“Es contigo mi vida com quien puedo sentir que merece la pena vivir”
(El presente – Julieta Venegas)


Eu lidava bem com a minha solidão. Lidava. Algo mudou dentro de mim. Ando me sentindo desconfortável sozinha. Eu estava sentada hoje na praça de alimentação de um shopping, sozinha, e me sentia um ET por isso. Eu não era assim.

Estou amando e acredito seja por isso que minha solidão, sempre tão companheira, não esteja me bastando. Depois de um pé na bunda homérico, há seis anos, decretei: viva a liberdade! Desde então, adotei o discurso, vesti a camiseta, carreguei a bandeira e encenei a personagem.

Só que pela segunda vez na minha vida, eu penso que seria o máximo ter um namorado. E pela primeira vez, eu penso que passar a minha vida inteira do lado de alguém não irá me aprisionar, nem me fazer infeliz. Muito pelo contrário, ver os cabelos de quem se ama branquearem com o passar do tempo deve ser uma dádiva.

Nunca fui uma mulher de muitos amores e casos. Talvez, justamente por isso, eu tenha uma consciência torturante do que eu sinto. E eu nem sei se um dia vou poder viver tudo isso. No momento não é possível, por inúmeras complicações e ironias da vida.

Talvez ele tenha entrado na minha vida para não deixar pedra sobre pedra, para fazer eu revisar meus conceitos, para esconder o texto da personagem, para levar embora aquele ar, insuportável, de moça-bem-resolvida-com-a-solidão que eu tinha. Nunca me doeu tanto ser sozinha.

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