Tem alguma coisa mais inexplicável que a nossa relação com o tempo? Acredito que não. E a consciência assustadora da transitoriedade das coisas só aprofunda ainda mais isso. E o que podemos fazer? Tem como reter algo, como segurar com as mãos o que não queremos que passe rápido demais?
Tem quase dois meses que ele foi embora. Mas ele já veio me ver, há quase duas semanas atrás. Duas semanas! E parece que foi ontem que eu chorava porque achava que nunca mais o veria. E ele veio! E os dois dias, entre eu saber e ele chegar, foram os mais longos da minha vida. Mas não foi sofrido, foi uma espera alegre, mas com medo de acordar a qualquer momento.
Eu pensei que fosse dar pra matar a saudade. Não deu. Só aumentou a certeza do que eu sinto. E essa saudade não morre nunca, cada vez se alimenta mais das coisas que eu lembro para sentir ele perto de mim. É como se fosse uma fome, mas a fome de um esfomeado, de um faminto e não de uma pessoa que se sacia sempre que sente vontade.
E eu não sei se quero que o tempo se arraste ou voe. Não sei o que é pior. Tenho medo de morrer de abstinência. De fome. De saudade. De amor.
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