Foi hoje a apresentação do espetáculo de final de ano da escola de dança Arte e Equilíbrio, da qual faço parte. O tema desse ano foi Festa dos Continentes, 23 coreografias foram apresentadas, sendo cinco de dança do ventre, cerca de 50 pessoas integraram o espetáculo, entre elenco, professores e apoio técnico.
Pela primeira vez, o evento aconteceu no Teatro Municipal de São Leopoldo, restaurado e reinaugurado esse ano. O local tem uma grande estrutura de back stage. São quatro camarins e uma grande coxia – pela primeira vez, não nos esprememos junto com homens e crianças em um só camarim. O palco é excelente, grande, permitindo movimentos de locomoção sem que os bailarinos fiquem se batendo. A iluminação e a acústica também me surpreenderam pela qualidade.
Mas o melhor de tudo é a confraternização e união de todos os dançarinos. Não são os familiares na platéia que mais vibram. Somos nós! Que ficamos escondidos na coxia, espiando as apresentações enquanto não chega nossa vez de pisar no palco. As meninas do balé, o pessoal do street, os guris do hip hop, a turma da dança de salão, as odaliscas...
Todo mundo se ajuda! A trocar de roupa entre uma música e outra, cuidar do tempo, acalmar o colega, olhar o ensaio que acontece rapidinho no corredor atrás do palco, a lembrar da marcação, contar a música e principalmente, aplaudir. Ninguém ali é profissional. Alguns dançam muito bem, outros nem tanto, mas todos sobem no palco dando o melhor de si. Somos nós que mais nos aplaudimos. Aplaudimos o amor pela dança, a iniciativa, a coragem de subir no palco, a arte.
Clap, clap. Clap, clap. Clap, clap...
Sunday, November 30, 2008
Thursday, November 20, 2008
O gato comeu
- Cadê?
- Cadê o quê?
- Tudo...
- Tudo o quê?
- Nada!
- Tu é louca né?
- ...
- O que tu tá procurando na janela?
- Tudo!
- Mas tudo o quê!?
- Ai. A poesia, ora...
- A poesia!? Que poesia!?
- Toda a poesia...
- Tu tá lendo Mário Quintana ou Cecília Meireles e esqueceu o livro em algum lugar? Tu acha que tu perdeu o livro aqui? Num quarto de motel?
- Ai não é dessa poesia que tô falando?
- Mas tu é louca! Do que é então?
- ...
- Fala!
- É a poesia da vida...
- O quê!?
- A poesia da vida, das coisas banais... Cadê?
- Meu Deus! Sei lá, o gato comeu!
- Que gato!? Você nem é tão gato assim. E eu quero a poesia...
- Mas tu mesmo, está sempre falando que sexo não tem nada a ver com amor!
- Eu sei!
- Então, vem, sai da janela.
- Cadê?
- A tal poesia?
- Não, a minha calcinha.
- Cadê o quê?
- Tudo...
- Tudo o quê?
- Nada!
- Tu é louca né?
- ...
- O que tu tá procurando na janela?
- Tudo!
- Mas tudo o quê!?
- Ai. A poesia, ora...
- A poesia!? Que poesia!?
- Toda a poesia...
- Tu tá lendo Mário Quintana ou Cecília Meireles e esqueceu o livro em algum lugar? Tu acha que tu perdeu o livro aqui? Num quarto de motel?
- Ai não é dessa poesia que tô falando?
- Mas tu é louca! Do que é então?
- ...
- Fala!
- É a poesia da vida...
- O quê!?
- A poesia da vida, das coisas banais... Cadê?
- Meu Deus! Sei lá, o gato comeu!
- Que gato!? Você nem é tão gato assim. E eu quero a poesia...
- Mas tu mesmo, está sempre falando que sexo não tem nada a ver com amor!
- Eu sei!
- Então, vem, sai da janela.
- Cadê?
- A tal poesia?
- Não, a minha calcinha.
Thursday, November 13, 2008
As perguntas de Galeano
Ruy Carlos Ostermann e Eduardo Galeano
O escritor uruguaio, Eduardo Galeano foi a grande atração da 54ª Feira do Livro desta quinta-feira (13). Ele participou do talk-show Encontros com o Professor, apresentado por Ruy Carlos Ostermann, no teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa e depois autografou seu livro “Espelhos – Uma história quase universal.”
No bate-papo de uma hora, o intelectual falou de sua vida, de seus livros e das perguntas que carrega consigo. Tirou do bolso um minúsculo caderno que faz anotações quando está na rua. Contou que aos 22 anos já era diretor de um jornal em Montevidéu, onde fazia de tudo, inclusive o horóscopo. “Adorava fazer o horóscopo, me divertia e sempre induzia as pessoas aos pecados”, declarou aos risos. Galeano lembrou que antigamente os jornalistas tinham entusiasmo com a profissão, coisa que não se vê hoje em dia.
Um observador nato que se definiu como “um averiguador das coisas pequenas escondidas na grandeza.” Falou da importância de ter olhos e ouvidos atentos ao mundo, de questionar, de raciocinar, de educar, de ler de tudo, até as paredes. Ele que sempre se interessou muito por grafismos e grafites, encontrou numa parede a frase: “toda virgem passa por diversos Natais, mas nunca tem uma noite boa”.
Com um grande senso de humor, o escritor falou de sua desconfiança com as máquinas: “sempre achei que elas bebem e fazem festa durante a noite. De dia, quando precisamos, não funcionam direito, pois estão de ressaca.” Tem pouco tempo que passou a utilizar o computador, acredita que o prazer de escrever a mão é insubstituível.
Autor do clássico “As veias abertas da América Latina”, o senhor que nasceu em 1940 e ostenta cabelos totalmente brancos, não tem vergonha de falar das dúvidas mais infantis que carrega consigo - e que todos temos - por mais absurdas que elas sejam. Em certo momento questionou: "a humanidade seria uma obra-prima de Deus ou uma piada do Diabo?"
Inteligentíssimo, Galeano tem uma das qualidades que mais admiro nas pessoas, é um contestador. De suas perguntas, faz livros. Da história esquecida, arte. Se Galeano fosse uma pulga, seria dessas que vivem nas pontas dos pêlos, para não perder nada que acontece ao seu redor, como diria Jostein Gaarder.
Depois de rir das sacadas inteligentes, de ouvir histórias e de ficar quase uma hora na fila, sai de lá feliz da vida, com o meu livro autografado, um elogio: “belos olhos” e com a certeza de que o escritor pode ser tão surpreendente quanto seus escritos.
O escritor uruguaio, Eduardo Galeano foi a grande atração da 54ª Feira do Livro desta quinta-feira (13). Ele participou do talk-show Encontros com o Professor, apresentado por Ruy Carlos Ostermann, no teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa e depois autografou seu livro “Espelhos – Uma história quase universal.”
No bate-papo de uma hora, o intelectual falou de sua vida, de seus livros e das perguntas que carrega consigo. Tirou do bolso um minúsculo caderno que faz anotações quando está na rua. Contou que aos 22 anos já era diretor de um jornal em Montevidéu, onde fazia de tudo, inclusive o horóscopo. “Adorava fazer o horóscopo, me divertia e sempre induzia as pessoas aos pecados”, declarou aos risos. Galeano lembrou que antigamente os jornalistas tinham entusiasmo com a profissão, coisa que não se vê hoje em dia.
Um observador nato que se definiu como “um averiguador das coisas pequenas escondidas na grandeza.” Falou da importância de ter olhos e ouvidos atentos ao mundo, de questionar, de raciocinar, de educar, de ler de tudo, até as paredes. Ele que sempre se interessou muito por grafismos e grafites, encontrou numa parede a frase: “toda virgem passa por diversos Natais, mas nunca tem uma noite boa”.
Com um grande senso de humor, o escritor falou de sua desconfiança com as máquinas: “sempre achei que elas bebem e fazem festa durante a noite. De dia, quando precisamos, não funcionam direito, pois estão de ressaca.” Tem pouco tempo que passou a utilizar o computador, acredita que o prazer de escrever a mão é insubstituível.
Autor do clássico “As veias abertas da América Latina”, o senhor que nasceu em 1940 e ostenta cabelos totalmente brancos, não tem vergonha de falar das dúvidas mais infantis que carrega consigo - e que todos temos - por mais absurdas que elas sejam. Em certo momento questionou: "a humanidade seria uma obra-prima de Deus ou uma piada do Diabo?"
Inteligentíssimo, Galeano tem uma das qualidades que mais admiro nas pessoas, é um contestador. De suas perguntas, faz livros. Da história esquecida, arte. Se Galeano fosse uma pulga, seria dessas que vivem nas pontas dos pêlos, para não perder nada que acontece ao seu redor, como diria Jostein Gaarder.
Depois de rir das sacadas inteligentes, de ouvir histórias e de ficar quase uma hora na fila, sai de lá feliz da vida, com o meu livro autografado, um elogio: “belos olhos” e com a certeza de que o escritor pode ser tão surpreendente quanto seus escritos.
Saturday, November 08, 2008
Vontade de sei lá o que...
Caminho pela casa, abro a geladeira, olho... Caminho mais um pouco, pego um livro, dou uma lida... Vou pra rua, volto, passo pelo quarto do meu irmão, tento um contato imediato com o ser de moicano que está deitado na cama. “Sai fora”, ele me diz. Eu saio.
Às vezes dá uma inquietação. Uma vontade de alguma coisa que não sei o que é. Sair correndo, talvez. Correndo e gritando. Ou ficar parada. Parada e observando. Ficar vendo a vida passar embaixo de uma sombra. Não! Viver. Correr embaixo de sol de 40ºC.
Dá uma tristeza de saber que quando eu morrer, não terei lido um monte de livros que gostaria. Dá uma alegria em ver o céu azul, o sol brilhando e eu ter mandado arrumar minha bicicleta. Dá uma preguiça pedalar na subida da lomba.
Vou comer algodão doce e me irrito ao perceber que o vendedor está tão bêbado que não consegue pegar o algodão cor de rosa (que está bem em cima) e, sou obrigada a conhecer o sabor do algodão verde. Não é ruim, mas eu queria o rosa!
Rir e chorar. Tudo ao mesmo tempo e agora, porque eu sou exagerada e imediatista. Não quero saber. Nem lembrar. E esquecer também não. Vou deixar “a vida me levar”. Mas só por um instante porque prefiro pensar que planejo alguma coisa. Ah, quer saber? Vou escrever.
Às vezes dá uma inquietação. Uma vontade de alguma coisa que não sei o que é. Sair correndo, talvez. Correndo e gritando. Ou ficar parada. Parada e observando. Ficar vendo a vida passar embaixo de uma sombra. Não! Viver. Correr embaixo de sol de 40ºC.
Dá uma tristeza de saber que quando eu morrer, não terei lido um monte de livros que gostaria. Dá uma alegria em ver o céu azul, o sol brilhando e eu ter mandado arrumar minha bicicleta. Dá uma preguiça pedalar na subida da lomba.
Vou comer algodão doce e me irrito ao perceber que o vendedor está tão bêbado que não consegue pegar o algodão cor de rosa (que está bem em cima) e, sou obrigada a conhecer o sabor do algodão verde. Não é ruim, mas eu queria o rosa!
Rir e chorar. Tudo ao mesmo tempo e agora, porque eu sou exagerada e imediatista. Não quero saber. Nem lembrar. E esquecer também não. Vou deixar “a vida me levar”. Mas só por um instante porque prefiro pensar que planejo alguma coisa. Ah, quer saber? Vou escrever.
Wednesday, November 05, 2008
God bless you
Ainda bem que estou viva e presenciei essas eleições americanas. Ainda bem que o Obama venceu! Como a grande maioria do mundo, eu torci por ele. Pois é um visionário, qualidade que acho fundamental em qualquer pessoa que se propõe a ser um líder e que, infelizmente, falta em muitos políticos.
Gosto do sorriso largo e da austeridade para tratar de assuntos sérios. Principalmente da mente aberta para tratar de assuntos que são tabus numa sociedade moralista. De preferir negociações à guerra, de se preocupar com políticas de preservação ambiental, de achar que impostos não podem ser iguais para todos...
E sim, gosto de sua história. Um homem que não teve uma família convencional, mas soube manter uma referência familiar, que foi alfabetizado na Indonésia, cresceu no Hawaí, viajou para o Quênia para conhecer suas raízes, optou por advogar pelas famílias pobres, foi professor universitário, construiu uma família e aos 47 anos chegou a presidência dos Estados Unidos da América, só pode ser um idealista.
Idealistas acreditam. Acho que essas eleições mostraram que o mundo ainda está repleto de idealistas. Ou no mínimo, de pessoas esperançosas. Penso que o Barack Obama é a cara do novo mundo, desse futuro tão falado, dessa nova era, a era de Aquarius...
É estranho o presidente dos Estados Unidos ter Hussein no nome. Mas é um novo mundo batendo na nossa porta, saindo das telas de TV e mostrando que podemos ser mais tolerantes. Ao menino que cresceu na paz do Hawaí, ao homem idealista e ao primeiro presidente negro dos EUA, eu desejo apenas uma coisa:
God bless you!
Gosto do sorriso largo e da austeridade para tratar de assuntos sérios. Principalmente da mente aberta para tratar de assuntos que são tabus numa sociedade moralista. De preferir negociações à guerra, de se preocupar com políticas de preservação ambiental, de achar que impostos não podem ser iguais para todos...
E sim, gosto de sua história. Um homem que não teve uma família convencional, mas soube manter uma referência familiar, que foi alfabetizado na Indonésia, cresceu no Hawaí, viajou para o Quênia para conhecer suas raízes, optou por advogar pelas famílias pobres, foi professor universitário, construiu uma família e aos 47 anos chegou a presidência dos Estados Unidos da América, só pode ser um idealista.
Idealistas acreditam. Acho que essas eleições mostraram que o mundo ainda está repleto de idealistas. Ou no mínimo, de pessoas esperançosas. Penso que o Barack Obama é a cara do novo mundo, desse futuro tão falado, dessa nova era, a era de Aquarius...
É estranho o presidente dos Estados Unidos ter Hussein no nome. Mas é um novo mundo batendo na nossa porta, saindo das telas de TV e mostrando que podemos ser mais tolerantes. Ao menino que cresceu na paz do Hawaí, ao homem idealista e ao primeiro presidente negro dos EUA, eu desejo apenas uma coisa:
God bless you!
Tuesday, November 04, 2008
Quatro anos
Foi há quatro anos que tudo começou. Estava no show do The Calling, em Novo Hamburgo, era a terceira ou quarta música, quando senti uma dor no estômago, a vista nublou e eu senti um medo inexplicável. Pânico. Pavor. Paralisei. Não lembro como cheguei no banheiro, mas lembro da mão de uma moça tocando água no meu rosto... Liguei para o meu pai ir me buscar, eu não podia ficar ali porque estava com muito medo!
Naquela noite não dormi, nem nas que se seguiram. Foi a primeira crise de pânico. Tempo depois, estava saindo da Unisinos, era final de semestre, só tinha ido pegar a nota e esperava o ônibus. O ônibus não vinha e não vinha e eu comecei a ficar com um medo danado. De novo não... O medo, o tremor no corpo todo, o pânico, a certeza que algo muito ruim vai acontecer. Não lembro como cheguei em casa, mas lembro da cara do meus pais.
Nesse meio tempo eu levei um pé na bunda de quem acreditava ser o primeiro homem que gostava de mim. Uma prima da minha idade morreu e eu percebi como a vida pode ser cruel. Sai do meu primeiro estágio, de dois anos e, me deparei com dias ociosos. Não sei o motivo, se foi um desses fatos isolados ou a soma de tudo... Mas passei a não sair da cama, não havia nenhum motivo para sair da cama, além do medo que eu sentia.
Matava aula direto, meus pais não me deixavam sozinha, perdi 15 quilos e muito tempo. Não sei o que fiz nos meses que fiquei assim... Depressão? Tratamento psicológico? Remédio? Bem capaz, afinal eu não era louca. Depois de muita conversa, aceitei que tinha algo de errado acontecendo e comecei a tomar remédio, fazer análise... Me esforçar pra voltar a ser o que era. Ou ao menos, sentir algo parecido com felicidade, que certamente, eu já havia sentido.
Com o tempo, as crises de pânico pararam, voltei a comer, arrumei um emprego, comecei a me ocupar, a não ter medo, larguei o remédio, ganhei alguns quilos, voltei a dar gargalhadas, chorei muito, fiz inúmeras perguntas, diminui o número da terapia, percebi várias coisas e a tristeza foi indo embora... Mas eu ainda tinha um receio. E se voltar acontecer? E se sentir medo de novo? E se... E se...
Mas agora, depois de quatro anos, acho que voltei a sentir algo bom, que eu tô achando que é felicidade. Nesse tempo todo, eu quase não sai, só ia a shows, morrendo de medo, mas ia. Baladas, se já não gostava antes, aboli por completo... Festinhas de amigos, reuniões familiares, raríssimas. Não sei quando comecei a sair de novo, foi esse ano... Acho que a formatura influenciou e ajudou.
O fato é que hoje sinto vontades. De sair, de ir no cinema, de ir pra praia, de gastar horrores de feira do livro, de visitar minha tia, de beijar na boca, de caminhar, de conhecer gente, de viajar, de conversar... Hoje fui na psicóloga, por um único motivo, lhe dar um abraço de aniversário!
Naquela noite não dormi, nem nas que se seguiram. Foi a primeira crise de pânico. Tempo depois, estava saindo da Unisinos, era final de semestre, só tinha ido pegar a nota e esperava o ônibus. O ônibus não vinha e não vinha e eu comecei a ficar com um medo danado. De novo não... O medo, o tremor no corpo todo, o pânico, a certeza que algo muito ruim vai acontecer. Não lembro como cheguei em casa, mas lembro da cara do meus pais.
Nesse meio tempo eu levei um pé na bunda de quem acreditava ser o primeiro homem que gostava de mim. Uma prima da minha idade morreu e eu percebi como a vida pode ser cruel. Sai do meu primeiro estágio, de dois anos e, me deparei com dias ociosos. Não sei o motivo, se foi um desses fatos isolados ou a soma de tudo... Mas passei a não sair da cama, não havia nenhum motivo para sair da cama, além do medo que eu sentia.
Matava aula direto, meus pais não me deixavam sozinha, perdi 15 quilos e muito tempo. Não sei o que fiz nos meses que fiquei assim... Depressão? Tratamento psicológico? Remédio? Bem capaz, afinal eu não era louca. Depois de muita conversa, aceitei que tinha algo de errado acontecendo e comecei a tomar remédio, fazer análise... Me esforçar pra voltar a ser o que era. Ou ao menos, sentir algo parecido com felicidade, que certamente, eu já havia sentido.
Com o tempo, as crises de pânico pararam, voltei a comer, arrumei um emprego, comecei a me ocupar, a não ter medo, larguei o remédio, ganhei alguns quilos, voltei a dar gargalhadas, chorei muito, fiz inúmeras perguntas, diminui o número da terapia, percebi várias coisas e a tristeza foi indo embora... Mas eu ainda tinha um receio. E se voltar acontecer? E se sentir medo de novo? E se... E se...
Mas agora, depois de quatro anos, acho que voltei a sentir algo bom, que eu tô achando que é felicidade. Nesse tempo todo, eu quase não sai, só ia a shows, morrendo de medo, mas ia. Baladas, se já não gostava antes, aboli por completo... Festinhas de amigos, reuniões familiares, raríssimas. Não sei quando comecei a sair de novo, foi esse ano... Acho que a formatura influenciou e ajudou.
O fato é que hoje sinto vontades. De sair, de ir no cinema, de ir pra praia, de gastar horrores de feira do livro, de visitar minha tia, de beijar na boca, de caminhar, de conhecer gente, de viajar, de conversar... Hoje fui na psicóloga, por um único motivo, lhe dar um abraço de aniversário!
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