Saber o motivo das coisas dói menos. Acredita que antes de
saber, eu até te defendia? Ele está confuso, quer pensar, quer ter certeza do
que quer... E cheguei a pensar que isso poderia ser bom, afinal, demonstrava
maturidade e cuidado comigo e com todas as mudanças que estávamos propondo para
as nossas vidas.
A dor do não saber é angustiante e abstrata, pois ainda há
esperanças e expectativas. A dor da certeza é concreta e bem definida, onde não
cabem esperanças. Passamos a enxergar o óbvio e a entender principalmente, que
vai doer e sim e devemos deixar, para não haver feridas mal cicatrizadas.
Claro que traição dói, a rejeição de quem se ama é
dilacerante. “Ser trocada” afeta com a estima de qualquer um. Outro dia eu
disse que “levei um pé na bunda” e acharam estranho uma mulher falar isso
assim, direto, sem se sentir constrangida, como se não doesse nada, falaram que
isso não era comum.
Penso que para superar as coisas não dá para maquiar a
realidade. Foi isso, foi um pé na bunda e falar assim, faz doer menos. Não
preciso lembrar, recordar (com a cabeça e com coração), formular rápido uma
explicação do tipo “acabou porque não deu certo... não estávamos no mesmo
momento”, essas coisas que se fala para não se expor.
Escancarar os motivos assim não me envergonha, ao contrário,
me protege. Os outros se calam. Saber o real motivo me poupa da dor da
incerteza. Choro pelo fim de algo e não por um futuro que talvez acontecesse.
Saber é libertador.