Algumas relações de leitores com escritores, ou até mesmo
determinados livros, são como frutas e precisam serem maturadas.
Em 2011, ganhei de aniversário “Clarice - uma vida que se
conta”, da Nádia Battella Gotlib. Segunda a crítica uma das melhores biografias
da Clarice Lispector. Estava louca para ler.
Porém, durante esses
quase dois anos, as 700 páginas repousaram no meu quarto, sem eu sequer abri-lás.
Essa semana comecei a devorar o livro, sem culpa, sem
remorso. Antes poderia não estar pronta para uma vida tão densa e intensa.
Acho natural esse período que certas histórias levam para
nos tocar. Foi assim com meu escritor preferido, Caio Fernando Abreu, não foi
paixão de cara, não. Levou um certo tempo.
Nós, humanos deficientes que somos, precisamos amadurecer
antes de abrir certos livros.